Casa Oriental
in memoriam
A mítica mercearia, que para muitos fornecia o melhor fiel amigo, fechou. Sombreada pelo mais imponente ex-líbris da cidade, a Torre dos Clérigos, era uma local de presença habitual da comunidade portuense há mais de um século. Agora, tem os seus vidros caiados e as suas entranhas despidas dos produtos de que tantos se habituaram, ao longo de gerações. Não era só o bacalhau, mas também os chás e os cafés, que lhe celebravam o nome, e os vinhos, os frutos secos, os queijos, os frescos. Na nossa memória colectiva ficará a alma deste lugar, para os futuros talvez apenas o fantástico letreiro com motivo colonialista, que não sai certamente por força de protecção como património cultural. O letreiro será o seu epitáfio, e por ser mais belo sobreviverá, ao contrário de muitos outros antigos letreiros que saem de seus suportes por toda a cidade. O que lhe sucederá para nós ainda é mistério, mas há rumores de que se converterá num espaço de restauração.
Deixamos um apelo para quem não quer ver a sua cidade despida do seu carácter: visitem, frequentem e comprem em locais tradicionais. Façam força para que estes locais consigam sobreviver, não só através da receita, mas também na luta contra a selvática subida das rendas e senhorios impiedosos. Cuidemos da nossa cidade.
E para quem nos visita, repetimos o conselho. A força motriz do turismo pode também salvar muitas das lojas que infelizmente pelo turismo muitas vezes fecham.
Fica o apelo para que este Natal, quem não tinha ainda desistido, que continue sem desistir, e que escolha o comércio tradicional para trazer o bacalhau à mesa.
Até sempre, Casa Oriental.
NOVOS DESENVOLVIMENTOS:
A Casa Oriental reabriu com nova gerência, tendo abolido o seu prévio conceito de mercearia tradicional. O interior foi completamente remodelado (e muito mal, na nossa opinião). Vende agora diversos produtos que mais se destinam à clientela turística.
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